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domingo, 31 de outubro de 2010

Liberdade.

 Um dos meus maiores medos quando me deparava com a idéia de ser cristão era ter que perder toda a estabilidade que eu já havia criado na rotina do meu próprio mundo. É engraçado perceber que até o mais diferente e arrojado sempre tem uma forma fixa de lidar com as coisas e um jeito previamente estipulado de lidar com diversas situações. Abandonar a aparência, os vícios e o modo de lidar com tudo como sempre lidei era ameaça o suficiente para me fazer no mais profundo do meu intimo não desejar nem de longe ter que passar por isso. A idéia de conforto, amor e paz é convidativa para qualquer um que se cansa da rotina. Os ideais de viver em amor que Cristo pregou, sempre me pareceram a forma mais bonita e talvez a mais eficaz para dar uma nova oportunidade para o mundo e para a raça humana. Mas eu? Sem beber? Sem sexo? Sem experimentar novas drogas? Como poderia viver assim? Onde vai estar o prazer de viver? Gosto da idéia de amar ao próximo sim, mas esse lance de abandonar o meu mundo para seguir a esse Deus de amor já era demais para o que minha pacata vida de aventuras poderia suportar. "Sinto muito, mas estou muito bem sem Ti!"
Durante toda a minha vida viram e vieram várias oportunidades de me integrar e ter uma vida cristã. Na infância, frequentei a igreja por anos devido a influência dos meus pais, mas devido ao excesso de trabalho para melhorar nossa condição de vida meus pais acabaram deixando a igreja. Na adolescência tive contato em diversas ocasiões e por diferentes fases, mas acabei preferindo sempre o que eu já havia encontrado nas festas, nos flogs e em fins de semana em lugares diferentes. Na tentativa constante de mostrar para mim mesmo o quanto eu era "o cara", acabei entrando em grandes roubadas. Dessa forma, perdi amigos por vezes por acabar falando demais ou exagerei quando não podia e cheguei a um ponto em que a minha auto-crítica me empurrava para baixo. Enquanto a minha auto-estima caía e os meus amigos foram se perdendo no tempo e no espaço eu passava a me sentir cada vez mais vazio e ver a vida passar me incomodou e foi dessa forma que acabei chegando a um ponto de fragilidade dificil de alcançar. A minha estabilidade desmoronava aos poucos e dessa forma acabei estrapolando mais e mais em tudo o que eu fazia antes. Crise hepática, preocupações com um possível filho que acabou não vindo, dificuldades para respirar foram algumas das mazelas fisiólogicas. Elas nada se comparavam a minha auto-estima e a minha infelicidade.
Aos poucos, começei a frequentar a uma igreja, sem muito compromisso. As pregações sempre tratavam de assuntos que de alguma forma me incomodavam muito e me faziam refletir sobre tudo que eu vinha vivendo. Pessoas que eu pouco conhecia, doavam-se por horas em conversas na tentativa de me trazer para perto desse Senhor que me conhecia e que estava pronto para me receber e curar todas as minhas feridas. As palavras que deveriam ser sutis, de alguma forma me açoitavam, pois eu já havia ouvido falar sobre aquele Senhor e d'Ele eu já havia tido o conhecimento e mesmo assim eu o havia negado o que O levaria a me querer agora? O que eu fiz além de rejeitá-lo? Se Ele existia mesmo, como eu poderia merecer tanta preocupação de alguém que eu simplesmente não quis dar ouvidos? Essas perguntas rodavam na minha cabeça ao mesmo tempo que o pranto se formava a medida que meus joelhos se dobravam. Eu O senti naquele dia e daquele dia em diante ficou mais fácil senti-lo em todo o lugar. E o Deus que não falava comigo, agora simplesmente parecia gritar a todo o momento. As minhas respostas vinham o tempo inteiro e a minha vida mudou repentinamente a partir do momento que eu decidi que eu queria sim, eu queria viver desse amor.
As drogas? O sexo? Não me parecem interessantes agora. Eles por tempos têm insistido em me cercar e tentar me derrubar, pois o inimigo veste preto amigo e ele não parece te querer mal até ter te alimentado com todo o mal. Propagandas de cigarro são cheias de vida, mas a realidade dele é cheia de morte. Os meus conceitos mudaram, os meus sonhos mudaram. Pois agora, os meus sonhos são os sonhos que Deus reservou para mim, os melhores. Estar com Deus na praia, na faculdade, na lanchonete ou no beco escuro. Estar com Deus com meu boné de lado, estar com Deus no pôr-do-sol ou quando a dificuldade me bater a porta. E se por vezes eu cair, sei que vou ter forças e vou me levantar pois já não estou sozinho.
Hoje sou convertido há dez meses e já não ando em trevas não, pois que tem Cristo tem luz. Amar a Deus e se entregar é o primeiro passo, o mais importante de todos. A sua vida vai mudar naturalmente, portanto não se preocupe e venha como estiver. Ele vai te transformar como fez comigo.